Centro de Documentação em História do Memorial Henrique Spengler

Memorial


O Centro de Documentação em História do Memorial Henrique Spengler é um espaço de guarda e de preservação do acervo impresso deixado pelo artista plástico. São coleções de livros, revistas, mapas, jornais, planejamentos de aulas, trabalhos e provas de alunos, material de campanha política, catálogos e folders de exposições artísticas e eventos culturais. Além de registros audiovisuais como fitas cassetes e VHS.

O referido material vem sendo organizado pela técnica responsável pelo local de modo a viabilizar a pesquisa em diversas temáticas. Além de questões mais estreitamente ligadas à trajetória (pessoal e profissional) de Henrique Spengler, o referido arquivo oferece subsídios para se investigar aspectos relacionados à separação do estado de Mato Grosso, o ensino de História Regional de Mato Grosso do Sul, as políticas culturais na cidade e na região, bem como o processo de construção de identidade(s) e os seus significados.

Os mais de seiscentos e setenta livros existentes no Centro de Documentação estão classificados em temáticas que facilitam a pesquisa acadêmica, especialmente na área de História. Assim, destacamos como categorias de livros: “Aspectos da História do Brasil: historiografia e fontes”; “Mato Grosso”; “Mato Grosso do Sul”; “Temática Indígena”; “História da América: historiografia e fontes” e “Obras literárias”, esta última contém poemas, romances, contos, novelas, crônicas e peças teatrais. Também constitui o acervo bibliográfico livros sobre “Geografia e Arqueologia”, “Biografias”, “Guerra do Paraguai”, “Educação e Filosofia” e outros.

Em relação aos jornais, há um vasto número de exemplares (desde a década de 1970) do Jornal Correio do Estado, importante periódico de Campo Grande que ainda circula nos dias atuais. Diversos outros jornais estão arquivados no Centro de Documentação Histórica do Memorial, como o Correio do Pantanal, Farol do Pantanal, Jornal da Manhã, Jornal de Domingo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Gazeta Pantanal e outros.

Constitui ainda esse acervo as correspondências recebidas por Henrique Spengler, como cartões de felicitações de Natal, Ano Novo e de aniversário e um grande volume de cartas escritas para Spengler, especialmente quando ele estudou nos Estados Unidos (Fresno/Califórnia), em 1974. Enfim, são muitas as possibilidades para se transformar tais materiais em documentação histórica [1], já que o antigo proprietário desse acervo parece ter tido um presságio sobre a formação futura de um arquivo em torno de sua história, pois Henrique guardou de forma abrangente e minusciosa um sem número de pistas, indícios e sinais [2] que permitem decifrar a sua própria vida, mas também para se perceber mudanças e permanências em um campo histórico mais amplo.

Paulo Almeida da Silva
Responsável pelo Memorial Henrique Spengler/UFMS


[1] Michel de Certeau nomeou de estabelecimento das fontes ou redistribuição dos espaços o processo que transforma os registros/objetos, que tinham determinado uso, em outra coisa que, pelo seu novo funcionamento, constitui-se em material essencial (documentação) para a pesquisa histórica, já que se operou uma redistribuição do espaço através de técnicas transformadores. Cf: CERTEAU, Michel.  A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

[2] Faço alusão ao procedimento metodológico defendido pelo italiano Carlo Ginzburg em relação a construção do conhecimento histórico, pensado, portanto, no diálogo com as fontes. O pesquisador deve seguir pistas e sinais que o levem a uma versão verossímil dos acontecimentos passados. Para saber mais, ver: GINZBURG, C. Mitos, emblemas, sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 143-179.